Cerco de Morte, Lourosa
Em 1963, o padre de Lourosa já muito idoso, recebe por parte da Diocese do Porto, um jovem padre como ajudante. Infelizmente, o padre idoso faleceu pouco tempo depois, sendo substituído pelo jovem padre.
Rapidamente, o jovem conquista a simpatia do povo de Lourosa, dos mais ricos aos mais pobres.
Só cobrava pelos seus préstimos, a quem pudesse pagar, frequentava cafés, jogava às cartas, brincava com as crianças, visitava as empresas de cortiça e falava com os trabalhadores, era muito popular! Esse radicalismo, para a época, não foi visto com bons olhos por parte da Diocese, que decidiu transferi-lo para outra paróquia, mesmo contra a sua vontade. Quando o povo soube, discordou, as mulheres uniram-se e fizeram virgílias dia e noite, à porta da igreja e casa do padre, com o intuito de não, o deixarem ir embora.
Essa resistência do povo, liderada pelas mulheres, levou a Santa Sé, a uma intervenção de força.
Assim, na manhã do dia 14 de Outubro de 1964, Lourosa foi cercada por centenas de militares da GNR e da PIDE
Devido à "forte resistência" das mulheres, os militares "foram obrigados" a disparar vários tiros, resultando na morte de duas jovens e dezenas de feridos.
Uma das vitimas mortais, com apenas 17 anos, dirigia-se inocentemente, do trabalho a casa para preparar o almoço para os pais e irmãos, quando foi atingida com um tiro na cabeça, acabando por tombar junto a umas alminhas que ali existiam.
O Cerco a Lourosa, como ficou conhecido, foi um ato desproporcional, não ficando isento, o facto de Portugal viver, sob o Regime salazarista do Estado Novo.
"Aqui tombou uma vítima inocente"
14-10-1964
Maria de Lurdes
Rua das Camélias
"A Morte saiu à rua num dia assim…"
Maofotos - Lourosa 2021