sábado, 8 de maio de 2021

Telepropósitos

Telepessoas

O ser humano, no início, era o instinto do medo, da sobrevivência e da reprodução. Quando encontrou tranquilidade, segurança e harmonia, começou a sonhar. Quando o sonho se transformou em pensamento o homem tornou-se racional. Logo pensa, logo existe, e logo tem vontade em o expressar. Começa por expressões faciais e gestuais, passa a verbais, acompanhados por grunhidos e sons orais que se vão harmonizando  em sons distintos e legíveis, até à fala. Monossílaba, duas silabas, uma frase, duas frases, uma conversa, um ouvinte, começa a comunicar e temos comunicação. Na ânsia de descobrir o desconhecido, comunicar mais longe, deixa marcas assinaladas. Radiofonia, ondas de radio depois veio o telex, escrita de telegramas, telefonia som e imagem, televisão, a caixa que vai mudar o mundo e a forma de pensar. Nova espécie de humanos os telespectadores, deixa de ler o jornal passa a ter telejornal, telecinema, telefilmes, series de filmes teleséries não precisa de ir à escola tem telescola, não compra o jornal, tem telejornal, não compra comida tem telepiza, não precisa de sair para trabalhar tem teletrabalho, não precisa de ir ás compras tem telecompras não precisa de vender em feiras tem televendas. E, telecomandado pelo velho telecomando perto da televisão onde assiste a uma sessão de televendas, onde se televende e se telecompra os telespetadores com teletempos muito telelongos que teleesquecem que teleexiste . . .  televida!! Sem ser na televisão!
Para nos teletransportar pelos ares rumo aos céus para se poder absorver os abismos da terra,  suspensos no tempo ligados a telecabos que nos prendem à terra dos baloiços onde nos balanceamos uns contra os outros no teleférico que teletransporta viventes aquela espécie de muito poucos espécimes   que gosta do que é bom da vida!


Maofoto - Chamonix 2018


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