"... Para as mulheres, este pensamento era uma premissa. Era um tormento ou um conforto constante, por muito bem sucedidas que fossem aos seus próprios olhos ou aos de outras pessoas. Era também uma fraqueza e uma força. A maternidade empenhada negava a realização profissional. Uma vida profissional em termos masculinos erodia os cuidados maternos. Tentar ambas as coisas era correr o risco de aniquilação através da fadiga. Não é fácil persistir quando não podemos acreditar que somos inteiramente aquilo que fazemos, quando pensamos que podemos encontrar-nos, ou encontrar outra parte de nós próprios, expressos por meio de qualquer outro empenhamento. Consequentemente, as mulheres não se deixavam absorver tão facilmente por cargos e hierarquias, uniformes e medalhas. À fé que os homens tinham nas instituições que eles, e não as mulheres, haviam moldado opunham elas a defesa de algum outro princípio de afirmação própria pelo qual se transcendessem. Há muito tempo, os homens tinham achado algo de rebelde nisso. As mulheres fechavam simplesmente o espaço em que eles ansiavam penetrar. A hostilidade dos homens atiçou-se."
Ian MC EWAN, A Criança no Tempo
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