Crónicas dos casos da Xicolândia
Um caso surge ao acaso,
normalmente com grande mediatismo e por acaso em pouco tempo assume protagonismo
e torna-se um “caso mediático”. Vai evoluindo processualmente e então temos
“caso com processo”. Entretanto, se existe matéria criminal vira “caso de
polícia”. Agora é segredado aos ouvidos judiciais e é um “caso em segredo de
justiça”. Quando chega a tribunal é “caso de julgamento”. Depois, o desfecho do
“caso” é sempre uma incógnita, até porque há “casos e casos” e cada “caso é um
caso”. O “caso” pode ter fim e então é caso encerrado. Por falta de provas pode
ser arquivado. Por demorar muito tempo a resolver, pode prescrever e também ser
arquivado. E pode eternamente ficar pendente (ir para a gaveta), ou seja, nunca
ser resolvido na totalidade.
Por exemplo, a própria república
da Xicolândia surge na sequência de um caso pendente (mal esclarecido), o “caso
do regicídio”. Trata-se de um atentado à mão armada levado a cabo por um grupo
de republicanos carbonários com ligações maçónicas. Vitimando mortalmente o rei
e o príncipe herdeiro de então. Este caso nunca foi muito bem esclarecido
porque os dois autores dos disparos foram abatidos no local do crime pela
guarda real. Acabou por ser um caso de sucesso porque volvidos apenas dois anos,
a monarquia caiu e implantou-se a república. Depois deste caso, muitos outros
casos se seguiram como é o caso: “estado novo” ainda hoje não se sabe o que
aconteceu aos seus “colaboradores” depois da revolução dos cravos; “o caso
fp25” heróis populares ou terroristas? “ O caso camarate” atentado ou acidente?
“O caso freeport” corrupção ou não? “O caso dos submarinos” que bateram no
fundo; “o caso apito dourado” metia fruta madura à mistura com futebol; “o caso
casa pia” envolvia crianças institucionalizadas e adultos institucionais; “o
caso joana” com culpados sem corpo; “o caso maddie” a criança desaparecida mais
mediática de sempre; “o caso rui pedro” o caso mais mal investigado de sempre; “o
caso bpn” o maior roubo de sempre a um banco; “o caso… outro caso… mais casos…
ene de casos”. Casos pendentes e sem solução à vista, não faltam exemplos como
é o caso.
O “caso” com mais
longevidade e famoso que se conhece e pendente de sempre é o “caso pai do
salvador”. Este “caso” surge quando uma mulher “virgem” (de agosto ou setembro)
e que vivia em união de facto com um velho marceneiro que por acaso tinha
desarranjado a “ferramenta” num biscate, aparece grávida (este caso fica para
uma outra oportunidade).
Dou por encerrada esta minha crónica,
antes que ela própria vire um caso, por ser a primeira vez que alguém escreve
tantas vezes e em tão poucas linhas, a palavra caso.
Por acaso o caso continua…
Xico Mao
Sem comentários:
Enviar um comentário