sábado, 28 de março de 2009

Vaca de Lei

Quando o Xico Agricultor superou a perda irremediável do seu animal de estimação, o Burro pensador, resolveu comprar outra companhia animal, desta feita uma vaca, como não tinha grandes posses monetárias pediu ajuda a um amigo de infância, o Xico Rico, homem que se fez por si mesmo negociando no escuro em pleno dia, claro que se prestou a ajudar o amigo, com uma condição criar a vaca a meias, o Xico Agricultor tratava e alimentava a vaca, o Xico Rico entrava com o financiamento. Tudo decorreu normal, até que um dia o Xico Rico descobre que a vaca crescera e se encontrava bem constituída e pensou... fui eu que paguei a vaca por isso, ela pertence-me. Acontece que o Xico Agricultor pensa de maneira diferente... eu criei a vaca por isso, ela pertence-me. Como não chegaram a consenso, foram pedir a mediação da justiça, o Xico Rico contratou o Xico Advogado seu grande amigo e conhecido, homem que defendeu grandes causas e numa primeira avaliação do caso, lhe deu razão. O Xico Agricultor o único amigo tinha e que lhe podia valer, era exactamente o Xico Advogado e recorreu aos seus préstimos e lhe garantiu que a causa estava ganha. Acontece que o caso da vaca vai mesmo a tribunal para ser julgado, no dia em que está marcada a sessão solene comparece perante o Xico Juiz, o Xico Agricultor, o Xico Rico e o Xico Advogado que foi o ultimo a chegar, quando os Xicos Agricultor e Rico descobriram que estavam a ser defendidos pelo mesmo defensor, exclamaram ao mesmo tempo. - Tu disseste que a vaca é minha! O Xico Advogado e o Xico Juiz responderam em simultâneo. - Desculpem, mas, a vossa vaca também é nossa.
Aqui a moral da história não tem moral.


Mao

quinta-feira, 26 de março de 2009

100 de Anos

Longos dias têm 100 anos

Tinha que escrever algo de singelo e breve acerca do dia de hoje, para que fique arquivado na memória e registado para a prosperidade.
 Não é todos os dias que se tem o prazer de ver alguém comemorar 100 anos… um século de existência. Hoje eu tive esse prazer… Parabéns Avó!

1909 - 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

Burro de Pensamento

O burro que pensava

Na orbe da Xicolândia, aquela espraiada terra plantada à beira mar, vivia um pobre diabo, forte de espírito, fraco de dinheiro e honesto agricultor, lavrava, semeava e plantava, vivia de tudo o que a terra lhe dava depois de trabalhada, de nome Xico Pobre.
 Solitário tinha como companhia e o seu bem mais precioso um Burro, que, para além de ajudar nas lides da terra era a única companhia que tinha e por quem tinha uma grande estima, até porque foi herança dos pais. O pai não o chegou a conhecer, a mãe senhora humilde e respeitada por todas as pessoas morreu cansada de trabalhos com uma idade considerada.
Um dia, o Xico Pobre adoeceu depois de um dia de trabalho exaustivo à chuva. Apanhou uma gripe que passou a pneumonia e não fosse o Xico Pastor que todos os dias passava com o seu rebanho perto da casa a dar conta da sua ausência, as consequências podiam ser bem piores, falou com o Xico Prior que sabia de curas que encontrou no caminho e por sua vez alertou o Xico Doutor que de pronto consultou e medicou o Xico Pobre com uma semana de cama sem se levantar e sem poder sair de casa. A delirar com febres altíssimas assim foram passando os dias até que recuperou totalmente. Foi então que se lembrou do Burro e que estava há tantos dias sem comer nem beber. Encheu um balde de aveia e outro de água e correu até à casa onde estava alojado Burro. A casa era de madeira com uma janela virada para o vale mais próximo por onde serpenteava tranquilamente um pequeno riacho de águas límpidas e calmas rodeado por montanhas e serras. Chegado perto do Burro que mal se tinha de pé tão desnutrido que estava, postou os baldes com comida e água lado a lado na sua frente e afagando-o incentivou-o a banquetear-se. Olhando para o balde da comida o Burro pensava, estou com tanta fome  que vou comer aquela aveia de uma assentada, mas, ao mesmo tempo olhava para o balde da água e pensava, estou com tanta sede que vou beber toda aquela água de uma assentada, enquanto pensava, o Xico Pobre pensando que o Burro não comia nem bebia, talvez por não gostar da aveia seca resolve ir ao quintal apanhar uma braçada de couves frescas e suculentas, levou-as ao Burro e ofereceu-as como quem oferece uma esmola a um pedinte esfomeado e a morrer em pé, o Burro olhou para as couves e pensava, estou com tanta fome que vou comer aquelas couves de uma assentada, mas, ao mesmo tempo olhava para a aveia e pensava, estou com tanta fome que vou comer aquela aveia de uma assentada, mas, olhava para a água e pensava, estou com tanta sede que vou beber aquela água de uma assentada, enquanto pensava, o Xico pobre pensando que não gostava do que lhe tinha trazido para comer resolve ir ao quintal e apanha um molho de suculentas e tenras cenouras de cor rosada e leva-as ao Burro com toda a humildade de quem oferece algo a um amigo que muito estima, o Burro olhou para as cenouras e pensava, estou com tanta fome que vou comer todas aquelas cenouras de uma assentada, mas, ao mesmo tempo olhava para as couves e pensava, estou com tanta fome que vou comer aquelas couves de uma assentada, mas, olhava para a aveia e pensava, estou com tanta fome que vou comer aquela aveia de uma assentada, mas, olhava para a água e pensava, estou com tanta sede que vou beber aquela água de uma assentada… de repente para o lado tombou e nunca mais pensou, enquanto tombava o Xico Pobre soluçava e o Burro já não pensava.
Moral da história, morre o burro a pensar ou a pensar morreu o burro!


Maofoto -  Burro Pensador, Paços de Brandão

segunda-feira, 2 de março de 2009

Altos de Baixo

Baixos e Altos

Inconscientemente sempre senti um certo fascínio pela antropologia (ciência que estuda os comportamentos humanos), ou seja, tentar perceber o comportamento das pessoas, e, o que as leva a terem relações tão distintas entre a gente. Conheci gente que nasceu alta e são grandes pessoas, pessoas que nasceram altas e são gente pequena. Gente que nasceu grande e são altas pessoas, pessoas que nasceram grandes e são gente alta. Gente que nasceu grande e são baixas pessoas, pessoas que nasceram grandes e são gente baixa. Gente que nasceu baixa e são grandes pessoas, pessoas que nasceram baixas e são gente grande. Gente que nasceu pequena e por mais que se estiquem ou calcem sapatos de salto alto nunca hão de de ser grandes pessoas, pessoas que nasceram pequenas e por mais que subam nunca hão de ser gente grande. Gente que nasceu grande e por mais que cresçam, hão de ser sempre pequenas pessoas, pessoas que nasceram grandes e por mais que continuem a crescer, hão de ser sempre gente pequena. Gente que nasceu pequena e são grandes pessoas, pessoas que nasceram pequenas e são gente grande. Gente que nasceu grande e são pequenas pessoas, pessoas que nasceram grandes e são gente pequena. Gente que nasceu baixa e são altas pessoas, pessoas que nasceram baixas e são gente alta. Gente que nasceu alta e são baixas pessoas, pessoas que nasceram altas e são gente baixa. Gente que nasceu pequena e que continuaram a crescer até se tornarem excepcionalmente grandes, pessoas grandes que continuaram a crescer até se tornarem gigantes por excelência. Gente que nasceu pequena e na sua pequenez continuou sem crescer, pessoas pequenas com muita vontade de serem grandes. Gente grande com medo de crescer, pessoas pequenas sem medo de crescerem. Retrato de um homem com «h» pequeno, que facilmente chegou a Homem com «H» grande. Resumindo e concluindo, ao longo da minha existência só conheci dois tipos de pessoas, as altas e as baixas!


Maofoto - Par de Altos, Évora

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Credos de Religiões

Credos e Religiões

Para uns é ópio do povo, para outros o alimento da alma, para mim são como um desporto praticado com bola.
 Existem várias modalidades, todas regidas por regras e códigos de conduta ética e moral. Todas têm muitos adeptos fervorosos, com um único objectivo, alcançar a vitória suprema. 
A bola independentemente do material com que é constituída é o o Deus de todos.
No fundo, as religiões não passam de um jogo!


Maofoto - Deus Sol, Évora

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Princípio do Fim

Fim do Principio

O nascimento é o princípio da morte. O início, do fim da vida nascemos para morrer. O primeiro dia do resto da vida. A morte, por vezes acaba por ser, o alívio possível para o sofrimento da vida. Quando se anda a penar ou a vegetar, quer por doença decadência física, quer por velhice degradação mental. Numa libertação do físico, para um nascimento espiritual, uma morte física, um nascimento mental.
A morte é uma porta que se abre para outro mundo, uma passagem para outra vida. A vida é a preparação para a morte. Quanto melhor se viver, sem complicar nem prejudicar ninguém, fazendo com que a vida faça sentido. Melhores são as probabilidades, de escolher a sua próxima como boa vida.
Quem vive praticando o mal, complicando o que é fácil, pior será a outra vida, com poucas hipóteses de escolha.
A morte é a separação da alma do corpo. Há quem consiga através da meditação atingir a purificação da alma, a separação da alma do corpo em vida, só ao alcance de algumas mentes.
Quando se morre o que acontece ao pensamento? Uma pergunta que se faz muitas vezes ao longo da vida. Será que se apaga? Desliga como quem apaga uma lâmpada, ou pura e simplesmente adormece e sonha eternamente num sono infinito. Será que se chega ao fim do túnel e, se vê o infinito ou a luz branca que tanta gente diz ter visto na fronteira entre a vida e a morte.
Pensar com o próprio pensamento é possível? Pensar que penso que estou a pensar. O pensamento é infinito? Pensar para lá do além.
Falar, não por telepatia mas, mentalmente com ele, o outro eu.


Maofoto - Capela dos Ossos, Évora

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Traço do Destino

Destino Traçado

No tempo em que a morte, aquele espectro e sinistra figura que traja capote negro como as trevas e segura na mão uma foice com que ceifa a vida, deambulava entre o comum dos mortais. Certo dia pela manhã bem cedo, fitou com ar de admiração um homem com quem se cruzou na rua, o pobre do homem aterrorizado pelo olhar maléfico da morte, desatou a correr até casa e contou ao filho o seu encontro com a morte, enquanto aparelhava o seu cavalo mais veloz para partir para outras paragens mais distantes, despediu-se do filho e partiu a galope deixando uma nuvem de pó atrás de si.
O Filho depois de ver o pai desaparecer no horizonte, vai ao encontro da morte e pergunta-lhe o porquê da fixação no seu pai. 
Ao que a morte respondeu: - Fiquei perplexa de o ver ainda por aqui, pois, hoje mesmo o espero bem longe daqui.
O destino de cada um fica registado no livro da vida à nascença, por isso, o melhor é andar sempre por fora para quando a morte bater à porta ninguém a receber, ou então, viver tranquilamente o dia a dia, ter a consciência tranquila e assim estar preparado para a receber quando ela nos interpelar. 



Maofoto - Capela dos Ossos, Évora